Índia

Viajante Cia Eco

Frederico Guilherme Eder

Nossa viagem foi ótima. Todo pessoal envolvido em nosso atendimento foram muito atenciosos.

Gostamos muito, obrigado a todo seu pessoal envolvido.

Segue uma narrativa que fiz à meus filhos e amigos sobre os lugares que passamos.


UMA PEQUENA VISÃO DA ÍNDIA – PARTE I e II
“Viagens são fatais ao preconceito, à discriminação, à visão estreita, e muitos do nosso povo precisam terrivelmente de viagens, por causa disso.
Uma visão ampla, integral e caridosa das pessoas e das coisas não pode ser adquirida vegetando num cantinho do planeta durante a vida inteira” Mark Twain


ÍNDIA

Em termos mundiais, a Índia talvez seja a nação em que há a maior diversidade cultural. Em área é o sétimo maior país do mundo, e em população (1,1 bilhão) só perde para a China.

Dentro de suas fronteiras, que vão:

- da cordilheira do Himalaia (cinturão montanhoso de 2500 km coberto de neve e com um dos picos mais altos do mundo: Evereste – 8850 m. de altitude), ao norte;

- aos estados do leste na Índia Oriental, uma região densamente povoada, onde encontramos Calcutá (uma cidade pobre e sem planejamento com 24 milhões de pessoas) que é a capital de Bengala Ocidental, único estado com governo comunista na Índia;

- à Costa Arábica, onde encontramos o modernismo e a riqueza de Mumbai e os 107 km de lindas praias do estado de Goa;

- até aos 6 estados do Sul da Índia que formam a parte inferior do subcontinente indiano com uma população de 350 milhões de pessoas e o vale do Silício da Índia (Bangalore),

existe enorme variedade de idiomas (17 línguas e centenas de dialetos), etnias (muito antes de o Novo Mundo criar culturas mescladas, a Índia já recebia invasores e conquistadores, aventureiros e comerciantes, que moldaram o território que ocupavam e foram moldados por ele), crenças (hinduísmo: 80% ; islamismo: 11% ; cristianismo: 4% ; sikhismo: 2% ; budismo: 1% e jainismo: 0,5%) e estilos de vida ( a cultura da Índia, assim como seu povo, é um mosaico rico, cujas milhares de peças surgiram de suas raízes milenares, das influências estrangeiras e das diversidades regionais) que poucos continentes possuem, sem falar em países.

Guia Visual – Folha de São Paulo

Como descreveu o cineasta francês Louis Malle: Índia inescrutável, Índia impossível, Índia intrigante, Índia fantasma. A Índia é um país irritante, impenetrável, indisciplinada, infinita.

A Índia não é apenas um destino, é uma experiência. Por isso, a Índia é um país interessante de visitar e, em função da sua recente e contínua modernização, tem um futuro de prosperidade.

Estivemos em Nova Delhi, Varanasi, Agra, Jaipur, Mumbai e por último nas lindas praias do estado de Goa na costa Arábica, sudoeste da Índia.

Delhi, a capital do Pais, desde a divisão da Índia com o Paquistão (1947) e a independência do domínio Inglês (1948) continua a atrair gente de toda a Índia, o que faz a cidade um aspecto bem cosmopolita. Mas esta cidade, basicamente de migrantes, manteve a identidade cultural de cada comunidade regional que aqui se estabeleceu.

A aglomeração de Delhi (3º maior cidade do país com 15 milhões de pessoas) reune todos os contrastes e contradições da Índia.

A velha Delhi, com seus monumentos erguidos pelo império Mogul nos séculos 16 e 17 (atualmente muitas ruínas) e o caótico mercados-bazares fazem desta parte da capital um congestionado, barulhento e sujo aglomerado de pessoas.

A nona Delhi, cidade planejada e construída pelos Britânicos na década de 1930 como capital Imperial, já apresenta o lado moderno da Índia com suas avenidas largas, predios modernos, lindas vistas de mansões coloniais, carros luxuosos, povo bem vestido, jovens de jeans, etc…

Varanasi, e’ a cidade núcleo espiritual do hinduísmo, a mais sagrada da India, com tradicoes espirituais e religiosas ha mais de 3 mil anos. Fica as margens do rio Ganges que nasce no Himalaia e corta toda a Índia com + ou – 2500 km de extensão.

Ganges e’ a principal artéria espiritual e religiosa do Pais. Tem papel preponderante na economia, na cultura e na religião. E’ sagrado para milhões de hindus que crêem que se banhar em suas águas absolve todos os pecados e ser cremado em suas margens e ter as cinzas espalhadas nessas águas garante a salvação da alma. Para os hindus, morrer em Varanasi é motivo de comemoração.

As margens do rio, por uma extensão de quase 6 km, existem quase 90 escadarias (ghats) onde ha pratica diária de rituais da religião hindu, como banhar-se as 6:00 horas da manhã nas águas sujas do rio Ganges (nesta área, super populosa de Varanasi, as margens do rio parece nosso Tietê)

Em uma destas “ghats” há o ritual de cremação de corpos. Diariamente muitos corpos são cremados com + ou – 400 kg de lenha para cada corpo, que gera um importante comércio nestas áreas de cremação. Estranhamos que junto a essas áreas existiam muitos cachorros de rua. Para surpresa nossa, estes cachorros ali habitam, são para pegar os ossos humanos que eventualmente não são consumidos na sua totalidade, no ato da cremação.

Para os mais pobres, existe uma cremação a gás publica na região, onde não há gastos nem taxas de cremação.

A noite, nas “gaths” principais, existe o ritual de preces diárias “Aarti” que os monges fazem em saudação ao rio sagrado.

Agra, a cidade centro cultural do islanísmo onde tem o famoso Taj Mahal, que é considerado o maior monumento islâmico do País. Esta cidade (+ ou – 2,5 milhões de habitantes) foi sede do Império Mogul nos séculos 16 e 17, antes que a capital se transferisse para Delhi.

Taj Mahal realmente é um dos monumentos mais famosos e santuosos do mundo. Construído em forma elegante e harmoniosa em mármore branco embelezado por pedras preciosas encravadas, em forma de requintados desenhos florais, fazem deste grandioso túmulo-jardim, uma imagem islâmica do jardim do paraíso. Dizem que é a manifestação da riqueza e do luxo da arte Mogul..

Os outros dois Patrimônios da Humanidade pela Unesco aqui em Agra são: o “Agra Fort” e “Fatehpur Sikri”. Ambos são interessantes para se conhecer, mas nada comparado ao Taj Mahal.

Jaipur, a “Cidade Rosada”, é a capital do estado de “Rajasthan”. Turisticamente faz parte do “Triângulo Dourado”, ou seja, as 3 cidades obrigatórias de serem conhecidas em sua passagem pela índia: Delhi / Agra / Jaipur.

Fizemos o 1º trecho de 210 km (Delhi / Agra) em trem expresso e o 2º trecho de 350 km (Agra / Jaipur) em van contratada com motorista (aqui é impossível você alugar um carro sem motorista, somente eles conseguem se entenderem neste trânsito maluco e caótico).

Com quase 3 milhões de habitantes, Jaipur é um labirinto fascinante de bazares, palácios e locais históricos. Na velha área murada de Jaipur, motos, bicicletas, triciclos, vacas soltas e veículos da década de 50/60, lutam por espaço nas estreitas ruas com milhares de bazares que vendem desde peças usadas de carros velhos até jóias.

O Hawa Mahal (Palácio dos Ventos) é um dos monumentos interessante por ser um edifício de 5 andadres só com fachada, ou seja, tem apenas um salão de profundidade. Tem 365 janelas e foi construído em 1799 para as senhoras do harém (com véu e sem ser notadas) pudessem observar o movimento da principal rua da cidade. A ligação deste prédio com o Palácio do Governo era uma passagem subterrânea de + ou – 400 metros.

Nos arredores de Jaipur tem o “Amber Fort” que se originou de uma fortaleza construída em 1592, com diversos prédios acrescentados no reinado de Jai Singh entre 1621 à 1667 e por fim o “Palácio de Amber” construído em 1727. Este Forte / Palácio foi construído no topo de uma montanha e para visitá-lo faz-se a subida nas costas de elefantes.

O interessante deste palácio é que o marajá tinha 12 esposas e para que elas não brigassem entre si, construiu 12 aposentos completos ( quartos, sala, cozinha e banheiro) em um quadrilátero com uma área central comum no meio dos aposentos, para que elas se falassem. Em cada aposento havia uma passagem secreta para as senhoras do harém para, quando chamadas, irem ao aposento privativo do marajá, no andar mais elevado do palácio, onde ele tinha completa visão de todos aposentos.

Jaipur é um dos maiores centros de fabricação de adereços da Índia. Trabalho com esmalte e o trabalho de incrustação de pedras preciosas são técnicas tradicionais pelas quais a cidade ganhou fama.

Mumbai, capital do estado de Maharashtra (100 milhões de habitantes) é o centro financeiro e comercial da Índia. Alguns comparam esta metrópole com Xangai, Hongkong, Cingapura, Nova York. Como ela tem + ou – 15 milhões de habitantes e é uma cidade rica, porém com muitas favelas, eu a comparo com São Paulo. Tem algum aspecto do Rio de Janeiro, pois está junto ao Mar das Arábias e tem avenidas bonitas à beira mar com prédios modernos, mas suas poucas e feias praias não tem nada a ver com as do Rio. Quanto ao povo nada tem a ver também. Nossas belas e semi-nuas “garotas de Ipanema” dão de 10 a zero nas indianas de “sáris” (pano de 5 m. de comprimento preso na cintura que envolve o corpo dos pés à cabeça.).

Além de ser uma cidade grande e importante para a Índia e a Ásia (é a maior bolsa financeira da Ásia), Mumbai tem a sede da famosa Bollywood, que é a maior industria cinematográfica do mundo. Atualmente Mumbai está muito na moda, pois seu filme “Slumdog Millionaire” acabou de ganhar o Oscar de 2009. Fomos visitar a favela “Slumdog” (agora ponto turístico de Mumbai) onde foi rodado parte do filme e onde moram algumas personagens que participaram do filme.

Mumbai, como toda a Índia, é uma cidade de grandes contrastes e as vezes até chocante. Apesar de ser rica (maior bolsa de negócios da Ásia, maior mercado têxtil do mundo, maior porto da Índia, 50% da arrecadação de impostos do país, etc...), os moradores de rua e favelas (dizem que são 44% da população) coexistem com modernos arranha-céus e avenidas elegantemente equilibradas com dezenas (ou milhares) de ilhas de favelas entremeadas com bairros modernos e bonitos da capital. Apesar disso tudo, Mumbai é considerado uma das cidades mais seguras da Índia para moradores e visitantes.

Goa, para relaxar, pois ninguém é de ferro, de Munbai fomos mais para o sul da região sudoeste da Índia, no minúsculo estado de Goa, um paraíso com 107 km de praias, com beleza e clima muito parecido com nossa Bahia.

Goa atrai gente de todo mundo, porque tem praias maravilhosas, clima tropical, gente alegre, animada, moderna e possui uma rede de hotéis e/ou resorts de 5 estrelas.

Sua capital é Panaji que dizem ser a miniatura de Portugal, pois este estado foi colônia portuguesa desde 1510, quando eles controlavam as rotas comerciais do oceano Índico, só voltando ao domínio indiano em 1961.

Goa é o estado mais cristão da Índia (1/3 da população é católica) e as tradições cristãs daqui são muito parecidas com as nossas. Aqui tem Catedral da Sé, São João, São Pedro, São Paulo, Basílica de Bom Jesus, São Francisco Xavier, etc..., tudo herança de nossos patrícios. Em alguns lugares você encontra a cozinha de influência portuguesa.

Enfim, esta é uma pequena visão da Índia. Um país milenar, grande, super populoso (1,1 bilhão de pessoas) dividido em castas e que reúne os mais diversos contrastes e contradições que um país pode ter.

Saudações,

Frederico Guilherme Eder