Cuzco e Machu Picchu

Viajante Cia Eco

Daniel Martinelli e Mariana Castellotti

Certamente tínhamos boas expectativas com relação ao Peru, mas nenhuma delas foi tão otimista quanto a realidade.

O Peru é um país fantástico, com uma riqueza cultural e histórica que nos causou muita admiração e quem sabe até um pouquinho de inveja...

Lima não parecerá estranha ao paulistano médio: típica metrópole latino-americana com trânsito maluco. Os cruzamentos sem semáforo não têm sinalização visível de preferencial, todos os motoristas agem como se a preferencial fosse deles e todos avançam, mas ninguém bate o carro e nem há discussões. Não dá para entender nada... Mas com um pouco de emoção você chega à Plaza de Armas e tudo fica melhor. Cenário belíssimo, muito bem preservado desde os tempos coloniais. Ali também fica a linda catedral de Lima. Por perto também há um mosteiro em funcionamento desde o século XVIII, cujas catacumbas abrigam os ossos de aproximadamente 20.000 corpos. Passeio interessantíssimo, mas somente para quem não for claustrofóbico nem facilmente impressionável. Eu, que morro de medo dos vivos, enquanto sei que os mortos não fazem mais nada, achei o máximo!

Cusco era a capital do império inca, cujo nome significa "umbigo do mundo". A cidade é fantástica e há muitas coisas e lugares para conhecer nela e ao seu largo. Aqui começamos a ver o sincretismo entre as culturas e religiões dos incas e a católica dos conquistadores espanhóis: igrejas erguidas sobre ruínas de templos incas (o que é de partir o coração) e adornadas com motivos incas "escondidos" no meio das figuras cristãs. Aqui se percebe que a cultura inca permanece muito viva, nas festividades locais, na fisionomia dos nativos, nas casas e no visível orgulho que o peruano ostenta do seu passado, e com razão.

Perto de Cusco, numa viagem de mais ou menos uma hora e meia de ônibus e de alguns dias a pé, como os incas faziam, fica o Vale Sagrado, às margens do rio Urubamba. O cenário é magnífico e a concentração de ruínas incas é grande e rica. Nele vimos e compreendemos pela primeira vez a grandeza e a altivez da Cordilheira dos Andes, um acidente geográfico muito impressionante, especialmente para quem tem como paradigma a Serra da Mantiqueira!

E então, Machu Picchu. É difícil descrever Machu Picchu. Até aqui, a viagem já era impressionante, mas ao mesmo tempo nos dava muita dó ver as instalações incas destruídas pelos espanhóis. Mas até 1911, espanhol nenhum havia pisado em Machu Picchu, e é justamente a sua preservação e o cenário magnífico que justificam sua atual importância e apelo. É simplesmente dever de todo ser humano visitar este lugar pelo menos uma vez na vida. Os que têm um pouquinho de preparo físico também têm que escalar a Wayna Picchu, a montanha que se pode ver no fundo de toda foto promocional da cidade. É um pouco sofrido, mas a vista da cidade faz qualquer esforço parecer pequeno. Enfim, um destino imprescindível, uma experiência inesquecível.

Por fim, visitamos o lago Titicaca e suas ilhas flutuantes. Uma lição de humildade testemunhar uma civilização inteira que vive há gerações no meio do lago navegável mais alto do mundo (altitude: aprox. 3.800m) em ilhas que eles mesmos constroem a partir do junco que ali cresce.

Termina a viagem e pensamos que é difícil acreditar que um lugar cuja cultura é tão diversa da nossa está aqui do lado. O Peru parece um outro mundo e, no entanto, é nosso vizinho. Mas, ao mesmo tempo, nos sentimos estranhamente em casa no Peru. Outrora fomos todos colônias de exploração, mais recentemente também todos nós estávamos atolados em ditaduras desumanas, mas nada disso tirou nosso espírito esportivo. Recomendamos entusiasmadamente!